Princípios da Visão
Existem duas formas de visão. Uma é limitada e requer um meio para funcionar, a outra é ilimitado, funcionando independentemente de qualquer meio.
O meio dentro do qual a primeira forma de visão funciona é o espaço físico. Essa forma de ver só pode perceber aquilo que existe nas dimensões do espaço físico. Mesmo dentro dessas dimensões, é extremamente limitada. Por exemplo, ela só pode detectar o que reflete ou emite comprimentos de onda de luz dentro de uma faixa estreita do espectro eletromagnético. Não pode perceber objetos muito pequenos sem o auxílio de disposivitos mecânicos ou eletrônicos especiais. Só pode abranger objetos com uma linha desobstruída para a pessoa que vê. Esse modo de ver também se baseia na ação física dos olhos para transmitir as imagens que percebem na tela da mente.
A outra forma de ver é livre de tais limitações e funciona no plano das realidades celestes. As imagens que recebe são projetadas diretamente na tela da mente sem a intervenção de órgãos ou dispositivos externos. É este modo de visão que funciona durante a meditação Sufi, onde se vê o guia espiritual por meio dessa segunda forma. É a tentativa do buscador de concentrar seus pensamentos na tela da mente, liberando suas percepções das limitações físicas. Quanto mais freqüentemente ele for capaz de projetar uma forma de pensamento sobre essa tela mental, mais vividamente esse padrão será realizado dentro da mente. É por isso que manter a consistência é tão importante nessa prática e com todas as práticas espirituais.
A meditação Sufi pode ser vista como uma abordagem mental cujo objetivo final é permitir que o buscador viaje deste mundo de ilusão para a Presença Divina. Quando visualizamos nosso Mestre espiritual. O conhecimento dos Atributos Divinos que operam através dele é refletido de volta em nossas mentes. Com a repetição freqüente, a mente do seguidor atinge o nível de iluminação adquirindo a capacidade de se comunicar diretamente com o Mestre e dele, adquire consciência espiritual. Na ciência do Sufismo, este estado é referido como a estação de Afinidade; se sintonizar com alguém mais piedoso que nós.
A melhor e mais confiável maneira de desfrutar dessa afinidade é através da paixão do amor pelo Mestre. Ao manter a prática de meditação Sufi, a mente do Mestre continua a transferir conhecimento e compreensão para a mente e coração do seguidor, de acordo com a intensidade ou grau desse amor. À medida que esse amor cresce e o elo se intensifica, as Luzes Divinas operando no Mestre e através dele – que são reflexos da Visão Beatífica de Allah – são transferidas para o seguidor. Isso permite que ele se familiarize com as Luzes da Presença Divina, para que ele possa experimentar a Visão Beatífica e abrir a porta dentro de seu coração para a Presença de Allah, Deus, A Presença Divina. No Sufismo, este estado é referido como a estação de “Tornar-se um com o Mestre”.
Essas Luzes e esta Visão da Presença Divina não são traços pessoais do Mestre. O seguidor é capaz de experimentar essas Realidades Divinas através de sua conexão espiritual com o Mestre, que experimenta através de sua conexão espiritual com o Sagrado Profeta (s). O Mestre, absorveu o conhecimento e os atributos do Profeta (s) através da mesma atenção e concentração dedicadas. Na linguagem do Sufismo, esse estado de afinidade entre o Mestre e o Profeta é chamado de “Unidade com o Santo Profeta”. É através desta união espiritual com o Profeta (s) que o Mestre é capaz de compartilhar suas habilidades com o seguidor.
No estado de “Unidade com o Sagrado Profeta”, o seguidor é gradualmente consumido pelo amor, paixão e saudade do Profeta (s) até que, passo a passo, assimila e retem o conhecimento do Profeta (s). Nesse momento auspicioso, o conhecimento e a aprendizagem do Profeta (s) são transferidos para o buscador de acordo com sua capacidade. Ele também absorve os traços e atributos do Sagrado Profeta (s), cada um de acordo com sua capacidade, aptidão e habilidade.
Deste estado exaltado, o seguidor continua progredindo, desenvolvendo sua afinidade com o Profeta (s). Em última análise, ele chega ao ponto de ser capaz de reconhecer verdadeira e autenticamente o Domínio de Allah reconhecendo Deus como o Senhor de Todos os Mundos, com plena compreensão e aceitação do significado de Seu Domínio. Neste ponto, ele declara: “Sim, de fato, Tu és nosso Senhor Deus!” Esta é a estação de afinidade com Allah e é referida no Sufismo como o estado de “Unicidade com Allah”, ou simplesmente “Unicidade”.
Quando o seguidor vai desta estação – se lhe é concedida a capacidade de alcançá-lo e continuar além – está além do poder das palavras narrar ou explicar, pois é um reino de sutileza espiritual que não pode ser descrito.
Adaptado de: Naqshbandi Sufi Order Australia, Meditation.
Original disponível em: http://www.naqshbandi.asn.au/meditation.html