O Espírito
Um dia, estando sozinha, Maria teve uma aparição extraordinária, de uma radiante beleza, como o sol ou a lua que surgem da Terra. Maria começou a tremer porque estava nua, tomando banho, como uma rosa surgindo do solo ou um sonho brotando do coração. Perdeu o conhecimento dizendo:
– Refugio-me em Deus!
Além disso, esta piedosa mulher tinha o costume de confiar em Deus em qualquer momento, pois sabia que tudo neste baixo mundo é inconstante. E até a sua morte, desejou que a proteção de Deus se lançasse, como uma fortaleza, no caminho de seus inimigos.
O Espírito Santo (Gabriel) lhe disse:
– Não temas nada! Eu sou o anjo e o confidente de Deus. Não afaste teus olhos do que Deus elevou. Por que fugir de seus íntimos? Tu tentas escapar de minha presença refugiando-te no nada, mas eu sou o sultão do nada. Do nada procedo e venho a ti como uma imagem!
Ô Maria! Quando uma imagem se instala em teu coração, diz a você, independentemente de onde esteja:
– Nunca te deixarei!!!
Mas Gabriel não é uma imagem como uma falsa alvorada. Não é uma imagem que se desvanece, sem consistência.
Gabriel prosseguiu:
– Eu sou o verdadeiro amanhecer de luz divina. A luz que eu trago já não se escurece. Tu queres proteger-te de mim refugiando-te em Deus, mas Deus é também meu refúgio. Tu buscas um refúgio, mas eu sou esse refúgio!
Yalal Al Din Rumi, 150 Cuentos Sufíes: Extraidos de Al-Matnawi, pg. 84.