Al-Wasilah
… Ta’wila al-wasila, uma explicação do wasila – mediador.
… ele disse isto, porque não podia compreender a sabedoria do verso sagrado que diz: “Nós cuidaremos de você”.
Uma palavra veio de Allah Todo-Poderoso: “Ninguém pode chegar a esta estação sem um mediador. Quem deseja contemplar Nossa beleza, deve adotar um mediador para alcançar esta posição. Fizemos isso para ser o qutb [santo], como um meio para esse objetivo, representando aquele quem segura a chave, wasila, o mediador. Nós o designamos para ajudá-lo a chegar até nós, para levá-lo à estação onde você pode contemplar-nos. Se você não o encontrar, você esperará por toda a eternidade, pois essa estação não se abrirá para você sem um intermediário”.
Sim, o Profeta Musa caiu e se levantou novamente. Por que o Profeta Musa foi em busca de al-Khidr, ‘alayhi s-salam? Foi apenas por uma questão de adorno [superficial], para aumentar seu conhecimento? Qual foi sua intenção em buscar aumentar seu conhecimento? Ele, que era mestre em shari’a (lei), um profeta de grande posição, o que ele poderia esperar do Profeta Khidr? Qual era o seu propósito real em buscá-lo? Ele teria procurado o Profeta Khidr sem propósito?
A intenção de procurar tal pessoa, que tenha recebido ‘ilmu laduni: conhecimento, diretamente transmitido por Allah, cuja a verdade foi plantada em seu coração no momento em que Allah Todo-Poderoso falou com ele e disse: “você não será capaz de Me contemplar”, quando ele caiu e se levantou novamente.
“Você nunca pode Nos ver diretamente. Sem que haja um mediador e um meio, wasila, você não pode chegar a essa estação.”
Portanto, o Profeta Musa partiu com tanta urgência para encontrar, naquela época, alguém a quem foi concedido o conhecimento da fonte, alguém que estava preparado para ser o guia, o meio para essa estação.
O conhecimento de ‘ilmu laduni que este [al-Khidr] possuía não estava de acordo com a shari’a exterior que o profeta Musa havia recebido. Concordava com sua verdade interior, mas não com seu aspecto exterior. Pois há verdade na shari’a e, claro, o ‘ilmu laduni não pode ser separado da verdade da shari’a.
Então, quando al-Khidr destruiu o barco, Musa o repreendeu por isso, [1] foi sua shari’a externa que manifestou objeção, mas seu aspecto interior, quando o Profeta al-Khidr explicou por que havia feito isso, aprovou e disse: “Sim, você está certo”. No entanto, em nosso aspecto externo, não conseguimos aceitar isso, mas de acordo com nossa verdade interior, a ação concorda; e o aspecto exterior da shari’a confirmou as ações do Profeta al-Khidr: “está tudo bem”, disse.
Por essa razão, ele o fez passar por um julgamento triplo e viu que o profeta Musa não foi capaz de superar o conhecimento exterior que lhe fora dado. O Profeta al-Khidr ofereceu-lhe três pontes para que pudesse passar para a região da Verdade: “se você não pode continuar nesta, pegue essa outra; se [ainda] não conseguir, siga por esta outra”.
Cruze todas as três, se quiser. Isso foi o suficiente para Musa, ‘alayhi s-salam. É por isso que o Profeta al-Khidr finalmente disse: “não há mais necessidade de permanecer com você. Você não admitirá mais cruzamentos além destes, então cruze os três cruzamentos que você fez.”
Então Musa recebeu permissão. Foi por esse wasila que o Profeta Musa o procurou. Juntamente com seu escravo ou seu amigo ou seu servo…
[1] Refere-se a história do Alcorão, que em breve será disponibilizada aqui no Coração Sufi.
Mawlana Shaykh Muhammad Nazim Al-Haqqani An-Naqshibandi, Sohbat de 8 de julho de 1988.
Transcrição traduzida para o português de: Sufi Qalam
Sohbat original disponível em: Saltanat.org